
Um hobby um tanto inusitado, mas muito antigo, teve repercussão nesta semana em Santo Ângelo. Ontem pela manhã, um grupo de columbófilos do município de Feliz, na região metropolitana de Porto Alegre, esteve na capital das Missões treinando suas pombas para o Sul Brasil de Columbofilia, o maior evento do gênero da metade Sul do Brasil. Os criadores de pomba soltaram 60 animais em frente à Catedral Angelopolitana, que deviam chegar ontem mesmo à sua cidade-natal.
Os 380 quilômetros em linha reta percorridos pelos pombos de Santo Ângelo a Feliz, a uma velocidade de 60 a 65 km/ h, são uma preparação para o evento nacional. Ao todo, são 10 atividades, sendo nove treinamentos e uma prova final. Antes da prova, os criadores largam os pombos em distâncias cada vez maiores, começando a 10 quilômetros e chegando a mais de 400 quilômetros distantes de Feliz. A culminância da prova será dia 14 de novembro, naquele município, durante a Festa da Amora. Na manhã daquele dia, as aves serão soltas em Alegrete, de onde percorrerão os 440 quilômetros via ar até Feliz, com previsão de chegada às 14h.
O presidente da Associação Felizense de Columbofilia, Raul Ivens de Leão, explica que a largada dos pombos em Santo Ângelo foi a antepenúltima atividade do evento. Na semana passada, os pombos foram largados em Santa Maria, de onde voaram até Feliz, e na próxima semana serão largados em Rosário do Sul. “A prova de hoje (ontem) já conta com pontuação de melhor performance do pombo. O que tiver o melhor preparo físico chega antes”, explica Raul. Dos municípios em que são largados, eles voam sempre ao Columbódromo de Feliz, que é local onde ficam os pombos.
CRIAÇÃO DAS AVES
Apaixonado pelo hobby, Raul Ivens de Leão explica que os pombos começam seu treinamento aos três meses de idade, e que todos os que participam do evento não chegam a ter meio ano de vida. “Quando ele sai do ninho é o momento de enviá-lo. Não pode ficar mais de 60 dias no local onde nasceu, senão ele absorve as ondas eletromagnéticas do local”, explica o criador, ao falar que os pombos “sempre voltam ao seu lugar de origem”.
Após o intenso roteiro, que ainda terá a viagem de Rosário do Sul até Feliz, os pombos descansarão até o dia da prova. Durante a preparação, o descanso entre uma viagem e outra é de cinco dias. Conforme Raul, a distância máxima de viagem de um pombo varia conforme sua linhagem. O pombo alemão, por exemplo, viaja até dois mil quilômetros. No Brasil, são criados principalmente os pombos belga e alemão. “Os nossos pombos em uma viagem longa, como a São Paulo, têm uma perda de 15 a 20%, ou seja, esse percentual não chega até seu destino”, explica o presidente da associação. Já com relação à velocidade de viagem das aves, Raul conta que os animais que soltou em Marília-SP, nunca recebeu de volta no mesmo dia, mas que os criadores do município de Canela, pouco mais próximos, já obtiveram esse feito.
No próprio período de treinamento para as competições muitos pombos são perdidos. Na deste ano, por exemplo, o grupo que soltou as aves em frente à Catedral Angelopolitana começou o treinamento com 150 pombos, e hoje são apenas 60. “Só quando eu chegar em Feliz amanhã (hoje) eu vou saber quantos chegaram em casa. Mas eles estão cada vez mais preparados, então de agora em diante para esta competição dificilmente se perde um pombo”, afirma.
HISTÓRIA DA COLUMBOFILIA
O criador de pombos conta que a columbofilia já era usada pelos romanos há muitos séculos. Ele explica que em Santo Ângelo, a prática era adotada pelo quartel até 1990, e que este era o órgão que distribuía as anilhas (um registro do pombo, que fica na pata da ave). Hoje os animais portam anilhas e um chip de informação, que permite rastreá-lo.
“A columbofilia é um esporte fascinante para quem gosta de aves. E principalmente para quem disputa, é um fascínio que temos pelo pombo”, explicou o criador de 59 anos, que é químico aposentado e comerciante em Feliz. Ele conta que no Rio Grande do Sul há associações de columbófilos nos municípios de Canela, Feliz, Passo Fundo, Porto Alegre e Pelotas, mas que em estados como Minas Gerais, há mais de 300 associações. “É uma atividade que se desenvolveu através dos portugueses”, explica.
No próximo ano o grupo de columbófilos deve voltar a Santo Ângelo para mais uma treinamento das aves, para a competição de 2011.
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